BEM VINDOS!


segunda-feira, 27 de janeiro de 2014

Crianças de Verdade


O que é a distância?
Perguntaram certa vez para uma menininha de 6 anos, e ela respondeu:
- Distância? Hum...distância é...
é...
Pensou pensou... e disse:
- É tanta coisa...
Menina mas tanta coisa é muita coisa, o que é a distância?
Ela retomou:
- Distância é tudo que tem até a casa da minha amiga.
Nossa! Distância é muita coisa.
Distância é do meu pé, até minha cabeça.
Distância é da ponta de uma montanha até o chão lá embaixo.
Distância é da lua até o sol, e até a lua de novo e depois até o sol.
Distância é eu na escola e minha mãe no trabalho.
Distância é minha vó no céu, e eu aqui na terra.
Daqui de mim, até você ai, é distância né?
Do meu dedinho até o meu dedão é uma distância eu acho...
Já ouvi gente dizer que tem muita distância do que a gente quer pra o que a gente pode,
Então não dá pra pegar a distância? Tô certa moço? Tô te falando que é muita coisa...
Quantos anos o senhor tem? – perguntou ela.
-Trinta e dois, por que?
- Eu tenho seis, e pra eu chegar nos trinta e dois acho que também tem distância.
E a tristeza? O que é a tristeza pra você? – pergunta o pesquisador.
E a menina silencia...
- Você não sabe? Ou não quer responder?
Ela balançou a cabeça negativamente... - Não sabe? Perguntou novamente o rapaz.
Ela balançou positivamente...
Está bem... Se não sabe não precisa responder.
Ela olhou nos seus olhos, juntou as mãozinhas pequenas e meio tímida disse:
- Tristeza não tem explicação.
Com uma resposta tão profunda, o pesquisador ficou meio sem o que dizer, e sem graça perguntou: 
- Você acha mesmo? Quando você está triste, não sabe dizer por que tá triste?
Ela responde...
- Sei porque, mas não sei explicar. Se minha vó vai embora e não volta, igual outro dia, eu choro, eu tenho tristeza, e não sei explicar, minha boneca caiu na água sabe... estragou! Era a única boneca que eu tinha e nunca mais ela falou comigo, nunca mais! Ela falava... Fiquei triste... não sei te falar como é. Cai água dos olhos, dá dor aqui ó, no meio do peito, da vontade de sumir. Da raiva... dá muita raiva. Tristeza não é nada bom moço. Tristeza é mal. É bem do mal. Igual jiló, igual cebola, igual vara nas pernas quando a mãe fica brava. Eu não gosto... nem...nem nem um pouquinho.
- Você é grande, gente grande não tem tristeza tem? Você tem bonecas?
E ele silenciou...
Por um momento achou bom que ela pensasse que gente grande não tem tristeza. Gente grande é feliz, gente grande tem futuro, tem alegria, e festa! Gente grande é o que há de melhor.
E ele disse.
Você já sentiu saudade de alguém?
- Saudade é igual tristeza e distância, não gosto. Não gosto porque a saudade vem quando a gente tá triste, quando não quer fazer alguma coisa, quando quer ficar olhando pro céu e pensando em nada. A saudade me lembra as férias. Se tô na escola tenho saudade das férias, se tô de férias tenho saudade da escola... O senhor só faz pergunta difícil... Tenho seis anos e minha vó falava... “saudades da minha infância”, eu respondia: “volta vó, volta pra infância... pra brincar comigo!” e ela falava...”filhinha o tempo não volta atrás, fica de tudo um pouco de saudade”. Você entendeu? Eu não entendi até hoje... um dia eu vou entender, ela disse isso também. Mas a saudade dela é diferente da minha. A minha saudade é das férias. Eu adoro férias. Quero brincar, não quero estudar todo dia... Quero chamar a minha amiga e trocar minha boneca mil vezes, dar banho, lavar, passar, fazer comidinha, bolo de barro, assustar os outros. Quero ver tv, andar de bicicleta e jogar vídeo game, e nas férias eu posso fazer tudo isso, as vezes até viajo pra casa de uns primos. Ah... eu sinto “saudade” das férias.
-Entendi... respondeu o jovem e concluiu...
- Está bem mocinha, você já me respondeu muito, pode voltar pra outra salinha e ficar com seus irmãozinhos. Só me diz uma coisa... Como sabe tudo isso?
E ela disse:
- Eu sonho! E no sonho eu tenho vó, eu tenho boneca que fala, eu tenho vídeo game, mãe, amiguinha, saudade, distância, primos, e as vezes... tem dia que no sonho tem tristeza também...
- Tchau moço. - Disse a garotinha com um aceno de mãos.
Virou as costas e se juntou as outras crianças do orfanato, que assim como ela, foram deixadas ali quando bebês.

escrito em 20/09/2013
publicado em 27/01/2014

quarta-feira, 24 de abril de 2013


Salvem a democracia!

O projeto de Lei nº 4470/12, que está em votação no Congresso Nacional, nas mãos dos Senadores que representam parte do poder legislativo deste país, não se trata apenas de um Golpe à Democracia, como muito tem se escutado por ai. Trata-se de um ato covarde, é um golpe na ética, golpe na decência, é um ato de poder construído sobre a doença. Doença de caráter. É o retroagir de imediato na busca pela segurança vã, é preterir os comparsas, os colegas e privilegiados, açoitando o direito de todos e jogando-o no lixo de onde legiões de pessoas vêm tentando resgatá-lo.
Todos sabem que não se trata apenas de tempo em televisão e fundo partidário, se trata de tirar tudo o que atrapalhar e custe o que custar dos caminhos que a candidata do Governo vai pisar. É abrir as portas da arena, e sobre infelizes massacrados sem permissão de escolha, deixar que o imperador desfile. É o império. É a casa grande, é a nossa política de sempre. Podre e falha.
A Rede Sustentabilidade, partido de pessoas públicas, e outras não, vêm crescendo e recebendo o apoio de muitos. Marina Silva, o nome mais forte da Rede, talvez pela trajetória política limpa, honesta e pautada no trabalho responsável, é a porta-voz da rede com o mundo. E é ela que muitos buscam atingir. Como se não soubessem que o poder de Marina está na fala, está dentro dela, no que ela é, e para falar basta ter voz, não apenas minutos de televisão.
Marina não está só. Com ela temos atores que sabem o valor e a importância de um teatro com mais de duas peças em cartaz, pois sem peças o teatro não existiria, sozinhos, eles nada seriam. Marina tem os esportistas, que sabem que não haveria competição se ao seu lado não houvesse adversário. Que o poder e o esforço não bastariam para que as medalhas tivessem algum mérito. A rede é feita de todo tipo de pessoa, pessoas estas que acreditam que a política velha, da destruição ao outro e das filiações partidárias pautadas no lucro e no interesse pessoal já tiveram o seu tempo. Há que existir a competição justa. Afinal de contas, não há porque temer e eliminar a existência do adversário seja ele político ou de outro âmbito.
Pois se ele não existe, um fraco é o vencedor. Que se vangloria de algo que não conquistou por merecimento e de forma justa. Lembremo-nos do jogo da vida, e façamos a comparação, a aprovação desta lei é como andar dez casas no tabuleiro a frente do adversário, quando o dado lançado marca apenas uma. É trapacear. Mas no jogo de nossas vidas, o avanço de uma casa pelo poder, pode significar o retrocesso de muitas na escala moral. É uma escolha sem volta.

#rede #golpenão!
Dorany Mendes Rosa.
Publicitária / Graduada em Comunicação Social
24/04/2013

quarta-feira, 9 de maio de 2012

SORTE - Aliteração


SORTE

Um saltimbanco selenita
Que vive a salmodiar
Sábio, sonhador,
Tal como a planta sempreviva,
Sua sentença é sempre brilhar.
Seu suave sibilar
Semelhante ao das estrelas
Sentencia os sentimentos,
Sufoca a semântica do coração...
Seu olhar é o santelmo
Dos poetas viajantes...
Que sob socorro em sombras,
Saudosos sobrevivem...
Subscritando sua canção...
Seu amor sacramentado,
Sua lua a suspirar
Sobre as sendas dos planetas,
o solista semideus,
Segue servil a sua senhora,
Saltando sagaz pelo mundos,
Sereno, sabujo a cantar...
Sarau, serão, serenata,
Serafim do universo...
O sabiá sacrossanto
Saboreia sensações,
Samba sapeca, suspira...
Simples, sutil, sabedor...
E a natureza o acolhe,
Num salve sincero de amor,
E o sob o selar dos sentidos,
Que os unem subtendidos
O som que ele submete
A natureza divina,
Inteira a salientar,
Cumpre tal qual é sua sina
E põe-se a saracotear...
O saltimbanco onde passa,
Semeia e aguarda o sazão...
Sensitivo, sana, salva,
Sepulta as dores da alma,
Da senzala, da sucata
e também do sertão...
Quando é tempo a sazonar,
As terras encontram progresso.
Segue sem desanimar
Sob a sombra do sucesso.
Sua amada lhe aguarda
Serelepe sereia lunar,
Os lábios de sacarina,
Os olhos de safira,
De saudade a suplicar...
Simpatia, sincronia,
Sensitiva simetria,
Serva, sensata a sonhar...
Suvenir do universo,
Viaja com seu amado,
Para lhe presentear...
Símbolo do amor sagrado,
União de serpentina
Que nada vai separar...
Óh doce lua menina
Séculos soam aos ventos,
O tempo passa correndo,
Para tua mão segurar...
Vem chegando sem sigilo,
Celestial e tranqüilo...
Sorridente por te amar...
E o céu inteiro escuta,
O sussurrar no seu ouvido,
Que vinha de seu querido:
- Que SORTE foi te encontrar.


Dorany Mendes Rosa
17/18 – de fevereiro de 2012

Dicionário:
Saltimbanco: Artista popular que se exibe em circos e feiras em geral sobre estrado.
Selenita – suposto habitante da lua
Salmodiar – cantar em tom uniforme ou tristemente
Sempreviva- Ervas das compostas cujos flores, do mesmo nome, secam sem murchar.
Sibilar – produzir som agudo ou prolongado, assobiar.
Semântica- linguística estuda o significado usado por seres humanos para se expressar através da linguagem.
Santelmo – chama azulada, de natureza elétrica, que surge nos mastros dos navios, sobretudo quando há tempestade.
Subscritando – por assinatura embaixo
Sacramentado – imprimir caráter sagrado
Sabujo – bajulador, adulador
Sarau- festa ou concerto noturno, em casa particular, clube ou teatro.
Serão- trabalho noturno após expediente. Tempo que decorre do jantar até a hora de dormir.
Serenata – música cantada ao ar livre
Sacrossanto – sagrado e santo
Salientar – Tornar-se saliente, destacar.
Saracotear – remexer-se com desenvoltura e graça
Sazão – tempo próprio para colheita dos frutos
Sazonar - amadurecer
Sacarina – substancia muito doce, substituta da sacarose.
Safira – pedra preciosa azul
Suvenir – objeto característico de um lugar e que é vendido como lembrança a turistas.
Serpentina -  Um duto metálico retorcido com muitas espirais em espaço reduzido que serve para trocas de calor entre o fluido interno circulante e o externo envolvente;

segunda-feira, 30 de janeiro de 2012

Este poema eu escrevi com uma amiga querida, chamada Dilvana Nunes. E outro dia o encontrei em meio aos meus arquivos... Gosto bastante, e agora compartilho a nossa adorável parceria...



Dilvana Nunes - Vermelho
Dorany Mendes - Preto.
 
A PEDRA.

Estou por toda a parte, sempre parada em um lugar...
Mas é sob as águas e à luz do sol
Que transformo os rios que correm sem parar..
Que mudo o curso das águas,
Que altero o destino de tudo
Que prendo em represas
Ou libero em cascatas
Que paraliso ou arraso com força
Aquilo que me desafia e impede o meu repouso...
Aquilo que me freia ou tenta me alcançar..
Eu sou uma pedra, que ninguem vai parar...
E sempre que me vejo seguindo em frente...
E simples como sou dentre tanta gente...
Me destaco por tudo que acredito ser...
E só há uma coisa que posso dizer:
Sou pedra corajosa, e minha vida é viver...
Que vida pode ser desprezada
Se a pedra é o seu alicerce
Onde brotarão forças para me destruir?
Será o vento?
Não provocará sequer riscos em minha superfície
Será a água?
Somente brilhará a minha força
O tempo?
Este é meu grande aliado
Pois em cócegas moldura meu aspecto
Nada, pois então ira me parar...
Nem a água, nem o tempo nem o vento...
Pois vencer essas batalhas, me faz libertar...
E ser dona do mundo, e de cada momento...
Dona de mim, do meu ser, meu pensar..
Ser segura, ser pedra, que nunca vai quebrar...
E no fim quando nada do mundo restar..
Lá estarei eu, pode me procurar...
Pois sou pedra da história...
E poderei te contar...


Dilvana Nunes
Dorany Mendes
 
18 de Abril de 2009


A Voz da Caça – A primeira Proposta deste Blog



Um dia da caça o outro do caçador...
Olá caros leitores estarei enquanto fundadora deste blog, me colocando no lugar das caças. Pois tenho percebido uma grande injustiça no mundo, e não me refiro somente, a desigualdade, a fome, indiferença, o preconceito, porque essas? Quem não percebeu? Não!
Eu me refiro ao dia do caçador. Vocês já repararam como os dias que passam tem sido sempre deles. É por isso que eu estou do lado das caças, tudo aquilo que acho que uma caça gostaria de dizer, eu vou dizer, porque basta de silêncio para aqueles que sofrem e são injustiçados. Desde os tempos antigos o homem usava da caça para sobreviver, considerando que só assim a raça humana sobreviveria, nós relevamos. Porque provavelmente faríamos o mesmo. Naquela época eles tinham pau e pedra, os homens não eram letrados, não eram educados, eram simples primatas.
Mas hoje, convenhamos, fica difícil acreditar que em um mundo que necessita de colaboração, amor ao próximo, integração, entre outras coisas, para que exista vida, como podemos continuar caçando? E permitindo que o dia do caçador, não seja apenas um. Mas vários?
Pois daí surge a minha defesa, se temos que apoiar alguém, que seja a caça. Se precisar serei árvore, criança abandonada, mãe desrespeitada, serei pai desempregado, mulher espancada, cachorro abandonado, serei água, ar, terra, idoso, passageiro. Serei a caça que está presente nos dias de nossas vidas. Existem definições para caça, mas uma delas, encontrada em vários dicionários, é a perseguição.
E é para isso que vou guardar este espaço, para lhes dizer, como é a vida de um ser humano que se sente caçado, que se sente perseguido injustiçadamente, e como têm sido tratados esses seres. As árvores que caem a cada minuto, e que um dia farão falta neste planeta. Como se sente um pingüim coberto de óleo, caído na areia. Não afirmo que saberei explicar tão bem o que todos esses seres realmente sentem, porque é como diz o povo: “só sabe a dor de perder um filho quem já perdeu.” A dor de quem sente é maior do que a de quem fala não é mesmo.
Mas eu vou tentar, vou tentar porque a injustiça me afeta, ela me incomoda, ela causa inquietude no meu ser. E é por isso que poderei gritar nestas palavras. A voz da caça.
Identificar os caçadores que vivem por ai. Pais, vizinhos, filhos, madeireiros, políticos, jovens, pessoas, eu, você, qualquer um, pois todos já se viram no dia de caça, e no dia de caçador. E não irei julgar seus atos com criticas sem procedências, ou pragas eternas, mas alertá-los de que estamos aqui, estamos vendo e estamos do lado da caça. Lutando para que os dias não sejam de caças, nem de caçadores, mas de justiça.

sábado, 17 de dezembro de 2011

Você assiste Faustão?


Você assiste Faustão?
 
As piriguetes estão na grande final da competição “Quem chega lá” do Domingão do Faustão, essa frase estampada num jornal popular da cidade onde moro, deu inicio a uma longa conversa entre duas estranhas. Tem sido assim minhas idas e vindas pelos ônibus, sempre um momento de observação, de refletir, e mais do que isso, de ouvir. Se eu desço do transporte coletivo sem ter escutado uma história é como se não tivesse valido a pena. Eu realmente percebo que naquele dia eu estava mais fechada para ouvir, ou minha feição não estava demonstrando afetividade. É como um indicador de compaixão. Tem dias que estamos mais suscetíveis a ouvir e outros não. Eu prefiro sempre os que eu estou, porque dai tiro histórias como a que vou contar agora.
Estava num terminal de ônibus desconhecido por conta de um curso novo, e uma mulher me pergunta: - Você sabe se esse ônibus passa em frente ao SAMU? (Serviço de Atendimento Móvel de Urgência). Eu respondi educadamente que não tinha a resposta, pois não conhecia direito a linha e nem o percurso do ônibus, e o que eu sabia é que ia para o Parque Atheneu. Ela sumiu na multidão.
Distraída lendo o nome das linhas que passavam por lá, um mais exótico que o outro. Percebi que moro numa cidade e nem conheço todos os cantinhos dela, e nem é tão grande assim. Imagina o universo. Ou conhecer a terra. Bom, mas não vou discutir dimensões. Como dizem os goianos vivemos em um “mundão véio sem porteira mesmo”.
Pouco depois, fui questionada novamente por uma mulher. Que me perguntou: Você assiste Faustão? Eu disse no automático: - “Não.” E ela com cara de decepção falou: “Ah! Você não assiste...” Eu logo corrigi vendo a mudança do tom de voz dela, e lhe falei que assistia às vezes, raramente. Com outro humor e vendo esperança no que eu havia falado a senhora tornou a dizer: Dia dezoito você vai assistir! Meu filho estará lá. Sinceramente, eu não esperava, pasmei. Fiquei feliz na hora por aquela mãe orgulhosa e desconhecida. E claro achei engraçado também a situação, ser abordada daquela forma. Então começamos a conversar, e sem cerimônias a mãe do artista colocou em minhas mãos o jornal com a notícia dizendo que “as piriguetes estariam no quadro do programa global”. Ela tinha brilho nos olhos, e orgulho de mostrar aquele jornal. E eu tinha um desejo imenso de chegar em casa e contar pra minha mãe aquele episódio.
Pois bem, a conversa foi longa, o filho dela tem dois filhos pra criar, o amigo dele tem quatro, eles viajam de avião pra todo lado fazendo shows, são comediantes, já se apresentaram em lugares chiques da cidade, ele é muito engraçado, sempre foi desde pequeno, sempre que ele chega de avião ela vai buscar, e agora ele precisa de votos pra ganhar a competição, e eles precisam muito do dinheiro que será dividido entre os quatro integrantes do grupo e o pessoal que ajudou que na verdade são uns “mininus” aí que ajudam sempre. É foi contada pra mim nesse ritmo. Eu ria enquanto ouvia a história e o pedido de espalhar pra todos os meus amigos a missão de votar no grupo dos rapazes.
Depois de prometer que faria isso por ela, ouvi os problemas cotidianos, ela precisava muito ir ao SAMU. E então me dei conta que era a mulher que me abordou logo que cheguei ao terminal. E eu não percebi porque estava distraída e também meio perdida. Mas nessa hora percebi que a nossa conversa era pra acontecer. Coisas do destino. Porque ela me achou pela segunda vez pra conversar. A história do SAMU é longa e caberia escrever um texto contando só ela, envolve todos os exames que ela tem feito o que te acontecido na família e tudo mais. Eu fico impressionada com a capacidade das pessoas de falar, de interagir. Ao mesmo tempo em que acho loucura acho fantástico.
A nossa conversa terminou quando o ônibus surgiu, e a última coisa que ouvi da minha “amiga instantânea” foi: - “Agora minha filha é força nos braços e perna pra quem te quer.” Quase uma lição de vida para quem anda de ônibus e precisa se virar pra entrar em meio à falta de educação alheia. E sem entender aquilo na prática, porque geralmente sou uma das últimas a entrar naquela multidão, eu a vi empurrando todo mundo e tentando entrar bem rápido pra pegar um bom lugar. Como todos. Pode ser interpretada como falta de educação ou como defensiva. Eu prefiro acreditar que vindo dela cheia de problemas, era defensiva e também porque adquiri certo apreço pela mãe dedicada que era. Entrei na medida do possível tranqüila depois de quase todos e sentei num banco ao fundo. Claro por curiosidade queria ver onde ela estava. E Consegui enxergá-la lá na frente, sentada, sempre olhando pra trás, e com um banco vazio do seu lado. Será que era pra mim? Não sei.
Eu poderia ter ido sentar ao seu lado, talvez fosse o que ela aguardava. Mas acho que a nossa conversa já tinha sido bem proveitosa, e a despedida meio rápida, mas nada que não fosse obra do acaso. Pouco depois passamos o ponto do SAMU, e ela se foi sem me ver... Não sei seu nome, e não sei qual dos quatro comediantes era o filho, mas sei que o que tiver dois filhos pra criar é o felizardo. E por incrível que pareça, mesmo não assistindo ao programa, vou torcer por eles, e espero que vocês também torçam e votem... Não custa nada, só o ato de coragem da mãe já vale um voto. E afinal. Eu prometi né? Começo divulgando por aqui...
“E deito-me com orgulho de ter sentido a vida e o sofrimento dos outros como se fossem meus.” – Charles Baudelaire

Dorany Mendes Rosa
15/12/2011

quinta-feira, 15 de setembro de 2011

Miss Universo


Costumam dizer por ai, que somos pedras preciosas a serem lapidadas ao longo da vida. Pois bem, o mundo conheceu está semana uma dessas pedras. Um verdadeiro diamante. Um diamante vindo de uma terra cujo sustento advém da exportação de seus recursos para sanar as necessidades infindas de um povo sofrido e marcado pela história. Desta terra, saem diamantes a todo tempo. Vendidos, trocados por notas cujo valor não exprime metade do verdadeiro valor de seu povo.
Mas desta vez foi diferente. O diamante que conhecemos é livre, é encanto, é conquista. Não tem valor financeiro estimado, não pertence a ninguém. Ele pode ser considerado uma das pedras lapidadas mais valiosas do mundo no quesito, respeito, quebra de tabus, na força de devolver o preconceito para as sombras de onde ele veio.
Esse diamante se chama Leila Lopes, que esta semana ganhou o titulo de Miss Universo, diante dos olhos atentos de um mundo inteiro. E não só isso. Ganhou mais uma luta contra o racismo. Ganhou orgulho para a África, ganhou honra para Angola. Ganhou reconhecimento do mundo e acima de tudo, conseguiu conquistar aquilo que muitos no passado lutaram e sonharam em conseguir.
Enquanto o mundo os barrava, o esforço e a luta incansável pela vitória de uma causa que um dia viria não cessavam. Até a morte. Com o tempo alguns caminhos foram abertos para que a raça negra mostrasse o seu verdadeiro valor enquanto ser humano. E hoje, diante dessas conquistas não só Leila Lopes se levanta perante as indiferenças da humanidade. Mas todos nós, negros, brancos, pardos, irmãos, levantamos a bandeira da vida e bradamos: Viva a Liberdade!
Dorany Mendes Rosa
15/09/2011